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Cinema Negro na Escola

4º Seminário de Educação e Cinema: Cinema Negro na Escola

O Seminário Nacional Cinema Negro na Escola, dando continuidade às duas edições anteriores do projeto Cinema Negro na Escola, é uma ação do Programa de Alfabetização Audiovisual com foco na formação de professores. Com um conjunto de ações que favorecem a presença qualificada do audiovisual nas escolas públicas de ensino básico de Porto Alegre e região, o Programa de Alfabetização Audiovisual é realizado através de parceria entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Prefeitura de Porto Alegre, com financiamento do Governo Federal.

No Brasil, há mais de 20 anos, a Lei 10.639/03 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira na educação pública e privada brasileira. Esse marco legal é fruto de décadas de luta do movimento negro e um direito conquistado para toda a população brasileira. Trata-se de uma política educacional que compromete as escolas para que reconheçam, valorizem e promovam não apenas em seus materiais, mas também em suas ações, discursos e atitudes – as contribuições de povos e nações africanas e afro-brasileiras na formação do Brasil.

A Lei 13006/14 prevê a obrigatoriedade da inclusão de duas horas mensais de exibição de cinema nacional nas escolas, um marco inegável para avançarmos em uma educação humanista e crítica.

Desde então, há um amplo debate sobre como garantir a melhor implementação dessa lei no cotidiano escolar, assegurando a diversidade de repertório, a qualidade de exibição e a regularidade das sessões. É preciso valorizar e preparar a escola como um espaço de mediação pedagógica para a fruição do cinema. A Lei 13006/14 é, antes de tudo, uma alavanca para movimentar outras iniciativas que lhe deem sentido. Mais do que definir horas obrigatórias de cinema brasileiro nas salas de aula, ela nos convida a experimentar formas de potencializar seus efeitos para a comunidade escolar.

O Seminário Nacional Cinema Negro na Escola caminha nessa direção, proporcionando um espaço para a difusão, discussão e valorização do cinema negro brasileiro. Ao pensar a linguagem audiovisual como parte do movimento cultural de afirmação da negritude, encontramos um acervo próprio para construir nas escolas uma educação antirracista. O seminário busca também o compartilhamento de práticas, vivências e reflexões produzidas através das edições anteriores do projeto Cinema Negro na Escola, realizados virtualmente no periodo de isolamento da Covid-19, e também da reverberação de práticas pedagógicas ensejadas pela observância da Lei 10639/03. Para além do rico encontro entre produtores, cineastas, educadores e pesquisadores do cinema, da negritude e da educação, buscamos a produção de uma publicação que siga estimulando o debate e as novas práticas que, com certeza, contribuirão para o maior alcance das nossas lutas para uma sociedade mais justa e menos desigual.

Equipe Programa de Alfabetização Audiovisual

MESA I


04/04/19h
Histórias Negras no Cinema Brasileiro


Uma discussão sobre o protagonismo negro no audiovisual brasileiro, em diferentes momentos históricos, reunindo três profissionais reconhecidos por sua contribuição na área. Organizador do livro Cinema Negro Brasileiro (2022), Noel dos Santos Carvalho há anos dedica suas pesquisas académicas ao tema. Jorge Furtado, durante sua carreira como curta-metragista, se notabilizou por assinar obras protagonizadas por personagens negros, como O Dia em que Dorival Encarou a Guarda (1986) e a série Mister Brau (2015-2018), considerada um marco da representatividade negra na televisão brasileira. O ator e professor Renato Novaes é protagonista de filmes como Temporada (2018) e No Coração do Mundo (2019), cuja existência assinala um novo momento para o cinema negro no país.

Noel dos Santos Carvalho

Professor do Departamento de Multimeios, Mídia e Comunicação da UNICAMP
Jorge Furtado

Cineasta gaúcho
Renato Novaes

Ator, diretor e professor na cidade de Juatuba

MESA II

05/04/14h às 17h
Relatos Confirmados

Experiências com o Cinema Negro na Escola
Uma roda de conversa em torno de relatos de participantes das edições virtuais do projeto Cinema Negro na Escola, realizadas em 2020 e 2022. A partir da apresentação inicial de quatro professores envolvidos em projetos focados na implantação de uma educação antirracista no ambiente escolar, Marco Prates (Porto Alegre), Claudia Gaya (Porto Alegre), Victor Leite (Brasilia) e Laura Galli (Porto Alegre), os inscritos no seminário serão convidados a relatar suas experiências, compartilhar estratégias e metodologias, descrever suas dificuldades, apresentar resultados e debater os desafios diante do enfrentamento cotidiano do racismo na escola.

Marco Prates

Professor da rede pública do municipio de Porto Alegre
Cláudia Gaya

Professora da rede municipal de Porto Alegre
Victor Leite

Professor, ator, performer, poeta, escritor e produtor cultural
Laura Galli

Historiadora, professora e produtora cultural

MESA III

05/04/19h
Cinema, Negritude e Escola

Quais as condições efetivas asseguradas hoje aos professores que procuram oferecer a seus alunos atividades pedagógicas relacionadas ao cinema e à cultura afro-brasileira, como forma de democratizar o ensino audiovisual no ambiente escolar através de uma abordagem de valorização e representatividade da cultura negra? Uma mesa dedicada a responder esta pergunta e a debater a construção de uma educação antirracista a partir de um suporte institucional, impulsionada por ações do poder público, com a participação dos representantes do Ministério da Educação, Rodrigo Antonio e Raquel Franzim, da professora universitária Daniela Giovana Siqueira, curadora da segunda edição do Cinema Negro na Escola, e da professora de teatro e atriz, Dedy Ricardo.

Daniela Giovana Siqueira

Prof. de Jornalismo e Audiovisual da UFMS
Rodrigo Antonio

Diretor de Formação e Inovação Audiovisual SAV/MINC
Dedy Ricardo

Atriz da Usina do Trabalho do Ator e professora de teatro
Raquel Franzim

Coordenadora-geral de educação integral e tempo integral/MEC

Sessão Comentada:

O Dia que te Conheci

06/04/10h

Sinopse: Zeca todo dia tenta levantar cedinho para pegar o ônibus e chegar, uma hora e meia depois, na escola da cidade vizinha, onde trabalha como bibliotecário. Acordar cedo anda cada vez mais difícil, há algo que o impede de manter esse cotidiano. Um dia, Zeca conhece Luisa.


Um relacionamento afetivo que se constrói a partir de um encontro profissional na escola em que atuam, e na qual são os únicos profissionais negros, e o ponto de partida deste longa mais recente de André Novais de Oliveira. Com a contribuição fundamental de sua notável dupla de protagonistas, o diretor assina um dos mais belos filmes do cinema brasileiro contemporâneo, descrevendo com humor e delicadeza os passos hesitantes de um casal que se forma, alcançando um resultado que toca o sublime.

ficção, 71′, Brasil, 2023